sexta-feira, 13 de abril de 2012

Vendas no varejo no Brasil tem alta anual de 9,6%--IBGE

RIO DE JANEIRO, 13 Abr (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro surpreenderam ao registrarem alta de 9,6 por cento em fevereiro, na comparação anual, acima do esperado pelo mercado. Sobre janeiro, elas caíram 0,5 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Segundo o IBGE, a queda de fevereiro pode ser atribuída a uma acomodação, após uma sequência de resultados positivos, e o aumento das vendas na comparação com fevereiro do ano passado foi puxado pelo setor de Alimentos.

Analistas ouvidos pela Reuters previam queda de 0,40 por cento mês a mês e avanço anual de 9,00 por cento.

O dado de janeiro ante dezembro foi revisado para cima, mostrando alta de 3,3 por cento, ante avanço de 2,6 por cento informado inicialmente.

"Vínhamos de três meses de resultados positivos, pelo que essa queda de 0,5 por cento é uma acomodação", afirmou o coordenador da pesquisa, Reinaldo Pereira. "Não há como dizer qual atividade teve maior influência, ao contrário da comparação anual, que tem uma estrutura de peso independente", disse Pereira.

"Nos 9,6 por cento de alta, os alimentos foram o principal motivo, respondendo por 58,2 por cento do resultado", acrescentou o coordenador.

De acordo com o IBGE, quatro das dez atividades pesquisadas registraram crescimento no volume de vendas em relação ao mês de janeiro, na série com ajuste sazonal.

VEÍCULOS

Em fevereiro, entre os resultados negativos estão os segmentos de Tecidos, Vestuário e Calçados (-3,6 por cento); Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (-2,7 por cento); Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (-2,1 por cento) e Veículos e Motos, Partes e Peças (-1,0 por cento).

"O item 'Supermercado' tinha vindo muito alto no resultado anterior (8,4 por cento); então, os 2,1 por cento de queda provavelmente são uma acomodação", afirmou Pereira.

Ele comentou ainda o desempenho do segmento de veículos, que apresentou queda 1 por cento na comparação com janeiro e de 10 por cento em relação a fevereiro do ano passado. Segundo o coordenador da pesquisa, as concessionárias creditam a queda de fevereiro ao menor número de dias úteis do mês.

"Quanto os 10 por cento de queda ante fevereiro de 2011, não há estudo específico, mas acreditamos que seja relacionado ao aumento dos impostos de importação", afirmou.

Os resultados positivos vieram dos segmentos de Equipamentos e Material para Escritório, Informática e Comunicação (alta de 3,1 por cento); Combustíveis e Lubrificantes (+1,9 por cento); Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (+1,6 por cento) e Móveis e Eletrodomésticos (+1,3 por cento).

Na comparação com fevereiro do ano passado (série sem ajuste), destacou-se o crescimento de 26,6 por cento no volume de vendas do segmento Equipamentos e Material para Escritório, Informática e Comunicação e a expansão de 13,3 por cento em Móveis e Eletrodomésticos.

Pereira avaliou que, com os recentes incentivos dados pelo governo para a econômica, as vendas no varejo brasileiro devem ser impactadas. "A gente está tendo incentivo do governo...E várias outras medidas podem ser tomadas se necessário para aumentar o consumo interno. Então, isso certamente deverá ser captado pela nossa pesquisa", complementou ele.

MERCADO DE TRABALHO

As vendas estão sendo sustentadas pelo mercado de trabalho aquecido, com mais renda, emprego e crédito, estimulando o consumo. Em fevereiro, por exemplo, a taxa de desemprego ficou em 5,7 por cento, a menor para o mês já registrada, turbinando o mercado consumidor do país ao mesmo tempo em que o governo da presidente Dilma Rousseff tenta reativar a economia após uma quase recessão no final de 2011.

Recentemente, o governo fez uma nova rodada de estímulos à economia, com foco no setor industrial. Entre outros, desonerou a folha de pagamento de alguns segmentos e anunciou um aporte de 45 bilhões de reais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Tudo isso com o objetivo de garantir um crescimento na casa de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. O governo tem dito que justamente o mercado consumidor interno é uma das principais alavancas desse desempenho.

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