do Portal Extra On Line:
RIO — Dentro de aproximadamente cinco anos, uma nova técnica de ultrassonografia, capaz de ajudar a prevenir problemas como a formação de um aneurisma ou de placas de ateroesclerose, deverá estar disponível em hospitais e clínicas de Brasil, Estados Unidos e alguns países da Europa. Isso graças ao esforço de diferentes grupos de cientistas destes países, atualmente empenhados na tarefa de validar o procedimento. No Brasil, o estudo é fruto de uma parceria do departamento de engenharia mecânica da PUC-Rio e do departamento de cardiologia da UFF, de Niterói.
— Atualmente, temos a dopplerfluxometria, uma técnica que mede, grosseiramente, a velocidade com que o sangue se movimenta no corpo, o que é uma variável importante tanto para detectar doenças cardiovasculares quanto do cérebro, como acidentes vasculares cerebrais — diz Bruno Álvares de Azevedo, pesquisador da PUC e coordenador do trabalho. — A nova técnica mede a velocidade do fluxo sanguíneo em vários pontos e com mais exatidão, o que permite fazer cálculos mais precisos e achar outros valores importantes. Posso, por exemplo, calcular a força que o sangue exerce na parede do coração, variável que influencia na formação de um aneurisma (dilatação de uma artéria). Ou a tensão de cisalhamento (uma espécie de força de arraste que o sangue faz na parede dos vasos), que, segundo se acredita, pode ter relação com o processo inflamatório responsável pela formação de placas de ateroesclerose quando apresenta baixos valores e muita variação. Com isso, torna-se possível prever, e não só detectar, estes problemas.
Chamada de Echo-Piv (Echocardiography-Particle Image Velocimetry), a técnica pode ser aplicada com ou sem contraste venoso. A patente é da Universidade do Colorado, e a variante sem contraste foi desenvolvida no Brasil. Por diversos motivos, explica Azevedo: além de caro, o contraste necessário para o procedimento não tem sua comercialização permitida atualmente no Brasil pela Anvisa. Eliminando-o do processo, reduz-se a praticamente zero os efeitos colaterais para o paciente, mas isso, por outro lado, impõe uma restrição ao exame.
— Nosso protocolo é bem parecido com o usado nos grupos de pesquisa no exterior, só que usamos uma técnica de processamento de imagens para podermos observar o sangue fluindo: as imagens que obtemos no ultrassom são trabalhadas num software aberto, no qual implementamos rotinas para tornar isso possível — explica Azevedo. — Como não usamos contraste, o exame não é nada invasivo. A limitação é que, sem contraste, a gente só consegue aplicá-la em pacientes em estado mais grave, nos quais o sangue é mais denso, mas, ainda a tempo de intervir para evitar um problema de saúde maior.
Também participam do projeto Antônio Cláudio da Nóbrega, professor do departamento de Cardiologia da UFF, e Luiz Fernando Azevedo, professor do departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio.
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